O RIO MORTO

Na altura da cidade mineira de Lagoa da Prata, o rio São Francisco é permeado por centenas de hectares de plantações de cana de açúcar. Fruto da ação da Usina BioSev, produtora de açúcar e etanol, as margens lagopratenses do São Francisco revelam a condição miserável a qual o rio tem lutado por quase toda sua extensão: transposição, saqueamentos, amputações. A princípio silenciosas, contemplativas, as imagens investem em um caminho duplo entre resgate e denúncia, transgredindo-se a medida que a retaliação do rio se mostra evidente. Ao público resta, em primeiro momento, a escolha de qual imagem contemplar, qual linha intermitente seguir, quais possíveis transposições e rupturas assumir - até que este também se interrompa, pelo claro posicionamento da obra.